Maitê Proença conversa com o C2 sobre carreira, saúde e a novela “Alto Astral”.
Por Darshany Loyola
Foto: Simone Marinho / Divulgação
Aos 57anos, Maitê Proença está em plena forma física, profissional e espiritual. A atriz e escritora lançou recentemente, pela editora Record, o livro “Todo Vícios”, e acaba de entrar para a novela das 19h “Alto Astral”, na Globo.
Sua carreira começou na TV, passou pelo cinema e pelo teatro, e chegou à literatura. Hoje, há algo que você goste mais?
Gosto de fazer o que estou fazendo. Passei os últimos cinco anos às voltas com a peça“À Beira do Abismo me Cresceram Asas”. Deu trabalho e foi preciso uma entrega muito grande. Mas é o jeito pra dar certo numa era em que há tantos atrativos e as pessoas não precisam mais sair de casa pra se entreterem. Agora entrei em “Alto Astral” e vai ser bom também, mas terei de pegar duas horas e meia de trânsito na ida e na volta para chegar aos estúdios. Chegar lá e achar ruim seria uma tortura. Vou gostar!
Você já conheceu vários lugares do mundo. Há alguma viagem específica que te marcou mais?
Acabo de ir ao Sri Lanka com minha filha. À grosso modo é uma Índia light, com menos gente, menos estímulos, mas muito diversa, colorida e linda. A natureza é rica e preservada e o povo, muito amável.
Você já assumiu que usou drogas e que conseguiu se livrar delas sem sofrimento. Como foi essa fase?
Era uma época em que qualquer um com um mínimo de interesse pelo mundo, assim como pelo autoconhecimento, fazia experiências com drogas. Não tinham a conotação que têm hoje, nem as ligações violentas com o crime organizado. Eram investigativas e bem mais saudáveis do que é hoje o uso das drogas liberadas, como álcool e cigarro.
Com 57 anos, como lida com o envelhecimento?
Não penso no futuro. Vou vivendo e me adaptando às coisas como elas de fato são. Leio que “os 50 são os novos 30”,mas pra quê? Já tive 30. Porque não viver os 50 com tudo que ele traz de bom? Há benefícios. Eu sou alegre. Sou interessada no que me cerca, vibro com as coisas, com as pessoas, e acho que o entusiasmo traz saúde.
Um de seus maiores sucessos, “Dona Beija”, marcou o horário nobre por ter nudez. Na época, como foi aparecer nua em cena?
A novela fez sucesso porque era boa. Foram muito poucas as cenas de nudez e estavam contextualizadas, não eram gratuitas. O público não se sentiu usado, nem se ofendeu, pois além de bonita, a nudez estava bem inserida. Eu ia para a ilha de edição para garantir que fosse assim. Nunca tive problema com a nudez. Tenho problema com o mau gosto.
Como tem sido a experiência de apresentar o “Extra Ordinários”,do SporTV?
Os rapazes são inteligentes e informados. É delicioso poder sair da mesmice num momento tão entupido de gente que não consegue ver o quadro maior e se magoa como se cada brincadeira fosse uma ofensa pessoal.
Conte um pouco sobre a Kitty de“Alto Astral”.
Kitty fará parte da trama central, do mistério da mocinha, e terá uma entrada barulhenta. O desenvolvimento disso nós teremos que esperar para ver. Estou animada.
Além da divulgação do livro e a novela, quais são os seus projetos para 2015?
Filmei uma participação no novo filme do (Hector) Babenco (“My Hindu Friend”), que tem o Willem Dafoe como personagem principal. Ao longo dos próximos dois anos todos os meus livros serão relançados pela Record.
Livro: romance às avessas
Lançado no final de 2014 pela editora Record, “Todo Vícios” (232 páginas, R$ 30), o quarto livro de Maitê Proença, é um romance que traz várias referências à vida da própria autora. A trama mostra o relacionamento repleto de neuroses – e com tudo para dar errado – de Stella e João. “Essa é uma confusão que eu gosto de fazer. Colocar elementos que pareçam biográficos para que o público se pergunte se aquilo me diz respeito. A gente não sabe da vida do Ian McEwan, do Kurt Vonnegut, mas o público acha que conhece a da Maitê, e sempre ficará especulando. Então eu brinco com isso deixando que Stella seja atriz, ainda que neste momento seja mais escultora, porque não é a respeito de profissões mas de sentimentos, e da intricada relação entre duas pessoas”, afirma Maitê. “Seria muito fácil transformar João em caminhoneiro e Stella em professora, mas esta história não é sobre o que eles fazem, e sim sobre o que sentem, o que fazem de seus sentimentos que os apavoram tanto que eles se dopam para sentir menos, e evitam encontros de carne e osso”, completa.