MARROCOS

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"Quando fui a primeira vez ao Marrocos, devia ter uns 18 anos. Estava passeando pelo mercado em Marrakesh e ouvi de um menino, "Uma mosca por uma noite de amor". Ele vendia umas coisas pretonas meio azuladas e eu pensei, "que nada, afrodisíaco só funciona em filme de época". Mas o moleque garantiu que o negócio era poderoso. Meio de chinfra, duvidando, levei oito. Me enfiei num botequim, pedi um cus-cuz pra não ter que engolir aqueles nojos a seco, misturei tudo e mandei ver. É que na época eu não era muito afeita às coisas do sexo. Achava chato. Aliás só fui me entender com o bom da estória lá pelos 25. Mas eu tinha um namorado que era muito afeito. Ele estava me esperando no hotel e eu queria impressioná-lo. Por uma vez na vida seria aquela fêmea toda instinto, meio capa da Nova, uivando de um prazer selvagem que eu nunca chegava nem perto de sentir. Pois nós estávamos viajando sem grana, hotel fuleiro, e o banheiro era do tipo que tinha um buraco no chão fazendo as vezes de vaso sanitário. Pra encurtar, lá pelas tantas o negócio bateu, e bateu firme. Minha sensibilidade ali ficou de tal ordem, que por umas 12 horas não dava pra encostar nem uma brisa de ar. A única coisa que me proporcionava alívio ali, era fazer pipi por ali. Mas pipi, como todos sabem, acaba. Eu então passei a noite de cócoras, esperando e esperando por um próximo momento de efêmero relaxamento. De cócoras, gemendo, mas não de prazer, eu implorava ao namorado que fizesse alguma coisa por mim. E ele, perplexo, respondia, "A única coisa que posso fazer Maitê, você já disse que nem pensar". Bem que o menino tinha avisado: UMA mosca!"