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O Dia

04/2005
 

Por Alícia Uchôa

Principal:

Com uma vida que qualquer Verinha sonharia ter, Maitê Proença se diverte ao viver a socialite falida em 'Da Cor do Pecado'. Em meio à rotina corrida, entrevistá-la pode ser uma odisséia. Sentada no banco de trás do carro, a atriz vai no longo trajeto entre o apartamento onde mora, de frente para a praia de Copacabana, até o Projac, em Jacarepaguá, com o motorista. A 'viagem' leva uma hora e meia, tempo suficiente para ela lembrar da carreira desde os tempos de 'Guerra dos Sexos' e 'Dona Beija' a 'Malhação'; das viagens que fez pela Índia, Irã e Afeganistão; contar como fez para escapar de dois seqüestros e falar do projeto de escrever um livro, do sonho de dar a volta ao mundo e de seu novo amor.

"Nunca quis ser atriz. Meu jeito de ser não tinha nada a ver com o Rio, nem com a Globo. Me sentia um E.T.", conta Maitê, aos 44 anos, que, com 22 de carreira, já pensou em largar tudo algumas vezes. "Cheguei a tentar quebrar meu contrato, mas não deixaram. E era um bom contrato. Pedi uma grana preta para vir para cá, porque não queria verdadeiramente fazer e achava que assim, não ia rolar, mas rolou", lembra a paulistana, que foi amolecendo com a profissão. "Foi difícil, mas foi dando certo. Mesmo fazendo mal feito, como fiz no início. Além de ser estranha, era bonita e falava lé com crê, o que causava um certo incômodo para todos. Mas já tinha me atirado em tantos lugares esquisitos, porque não, agora, mergulhar nesse ninho de cobras?", indagava ela, que já quis ser artista plástica, psicóloga e jornalista.

Apesar de citada, a beleza, garante Maitê, não é motivo de orgulho. "A gente é do jeito que é. Se ser bonita incomodasse, não teria tantos cuidados para manter. Mas não é uma qualidade, é uma característica. Das coisas que a gente conquista, pode se orgulhar, da beleza não." Apesar dos cuidados de hoje, nem sempre foi assim com Maitê, que lembra que a primiera vez que fez depilação e furou a orelha "foi uma guerra." Levada pelo marido, ela relutou o quanto pôde. "Aos 20 anos, você toma banho, sacode o cabelo e tá linda", lembra ela, que desde os 15 não come nada que contenha agrotóxicos nem corante.

Muito das dietas e dos costumes veio dos passeios pelo mundo. "Vivi uma época dentro da filosofia hippie. Viajei uma o mundo inteiro com mochilão nas costas e sem grana. Comecei no Brasil, depois América Latina e Europa. De lá, fui para a Ìndia, passando pelo Irã, Afeganistão, Paquistão. Tudo a pé." E se aventurar é com ela mesmo. Sempre que pode, Maitê nada em alto mar, pula de asa delta e compete enduros a cavalo.

Foi se atirando assim que ela ganhou uma coluna semanal numa revista de grande circulação, que lhe rendeu além de repercussão no caso da mentira de Luma de Oliveira, quando deu uma 'bronca' na modelo, convites para escrever um livro."Hesitei em dar a cara a tapa mas depois gostei. Não faço sensacionalismo barato pra criar polêmica", garante ela que pretende compilar suas crônicas. "Demoro três dias para escrever uma página, imagina um livro inteiro de ficção. Mas uma hora sai também." Maitê que já namorou Victor Fasano e Sérgio marone, é categórica ao abrir o coração. "Meus relacionamentos são inqualificáveis, mas posso dizer que estou vivendo um grande amor."

Tópicos:

Primeira coordenada:

Fãs. "Tem um homem que se diz meu fã, me segue, faz ameaças e diz que eu não estou cumprindo o meu destino, que seria do lado dele", revela a atriz, que, entretanto, já teve boas experiências com admiradores. "Tem um advogado que foi cinco vezes ver uma peça minha e ficava embevecido. Nos conhecemos e saímos. Ele virou meu amigo e eu a musa dele."

Sonhos. "Eu já fiz essa vida, posso fazer outra completamente diferente começando agora.Por isso ainda tenho sonhos de dar a volta ao mundo num veleiro, morar nas Ilhas Salomon, alem de muitos outros.".

Seqüestro. Maitê já escapou de dois seqüestros. Um, provocando um acidente para evitar de ser vítima e outro porque uma investigadora foi buscá-la dentro do avião. Nessas ocasiões, a Globo providenciou seguranças para a atriz. "Mas era inviável, preciso de liberdade. Fora que tinha que falar em códigos, cada bicho tinha um significado e eu, aquariana, desligada, errava tudo. Virou uma comédia", ri.

Segunda coordenada:

Verinha. "Todo mundo dá risada. Desde as embaixatrizes do meu prédio até as faxineiras, que adoraram ver a Verinha vestida de empregada. Cada coisa bate num lugar."

Malhação. Com 17 novelas no currículo, Maitê tem um carinho especial por Malhação. "Tive preconceito inicialmente, mas tratei de eliminar para não trabalhar infeliz. Quando saí fizeram uma superfesta num posto de gasolina, com os maquiadores de drag queen, e todos meus amigos técnicos. Tivemos um ambiente de trabalho raro de se conseguir."

Favoritos. "Na televisão gostei muito de Juliana da Guerra dos Sexos, que foi uma novela que foi um marco, e Dona Beija, na Manchete, que exigia uma inteligência interpretativa de mim."

Nudez. Com as históricas cenas dos banhos de cachoeira de Dona Beija e duas playboys, Maitê diz que nunca foi incentivada a ficar nua por dinheiro. Com exigências como ir para ilha de edição, no caso da TV ou não fazer fotos preto e branco e ser a única mulher da revista, hoje ela vê a nudez vulgarizada hoje. "São fotos que achei de bom gosto. Não faria se não fosse dessa maneira, por dinheiro nenhum."

Privacidade. "Prefiro manter a minha vida privada privada. As pessoas que lidam com você não necessariamente gostam disso. Sou eu que tenho a parte boa da profissão e eu que tenho que lidar com a parte ruim."

Filha. Mãe de Maria, de 13 anos, ela assume a corujice. "Às vezes me pego falando muito dela. Ela não se interessa pelo mundo artístico e faz teatro na escola só para desinibir. Ela é muito mais sensata do que eu jamais fui na minha vida."