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Maria chegou na hora

Folha de São Paulo - 09/05/1998
 

Por Roberta Sampaio

Quando nasceu, Maria encontrou um espaço pronto para ela. Sua mãe, a atriz Maitê Proença, de 39 anos, a esperava havia um bom tempo. Casada, na época, com Paulo Marinho, empresário da indústria naval, tinha organizado a carreira e a vida emocional para acolher a primeira e única filha. "Ter um filho é sempre uma alegria especial", afirma. "Para nós, foi mais que isso, pois representava a coroação de uma relação de amor e o ápice de cada uma de nossas vidas em separado."

Hoje, sete anos depois, Maitê acredita que se tornou mãe na hora certa. "Tive muita disponibilidade para a minha filha", diz. A maternidade era um desejo antigo seu, que não se realizava. Segundo acredita, a natureza encarregou-se de adiar esse projeto para depois dos seus 30 anos, quando estava mais preparada para assumir a responsabilidade. Ela acha que faz parte do ser humano a vontade de procriar e ensinar a uma nova pessoa o que de melhor se aprendeu na vida. "Com as coisas mais encaminhadas, é possível cumprir esse papel sem tantas contradições internas", acrescenta.

Ela conta que engravidou justamente no momento em que havia tido uma maior compreensão do que era ser atriz.

"Havia ocorrido, finalmente, uma espécie de luz, e queria colocar esse entendimento em prática", diz. Além disso, sentia necessidade de investigar sua espiritualidade. Mas, finalmente, foi a maternidade que se firmou como prioridade na sua vida. "Foi acompanhada da busca espiritual, porque eram assuntos compatíveis", afirma. "E a carreira teve de submeter-se a um ritmo menos acelerado."

Descobertas — Como toda mãe, por mais que se dedique à maternidade, ela sempre aponta falhas. "Inútil achar que serei a melhor mãe do mundo, pois tenho o meu temperamento", reconhece. "Às vezes, isso acaba atropelando as minhas lindas teorias." Nem todas as decisões, acredita, são racionais. Só uma parte das suas atitudes são prestabelecidas pelo julgamento do que acha bom ou ruim.

Mas considera saudável não esconder da filha os erros dos pais. "Como a criança costuma mirar-se no nosso exemplo, é legal que saiba que não somos perfeitos", acredita. "Com os defeitinhos dela, Maria também poderá ser uma pessoa bacana, provavelmente, até por causa dessas falhas." Maitê segue o filosofia de que a forma de agir vale mais do que mil palavras. E acha que, até agora, tem se saído bem dessa maneira.

"Quando a atitude não condiz com o discurso que temos, a criança vai perguntar e, então, você explica até dissolver a confusão", afirma, com serenidade. Antes de ser mãe, ela trazia na cabeça a idéia de que a qualidade do tempo gasto com o filho vale mais do que a quantidade de horas dispensadas a ele — uma defesa comum às mulheres que tentam conciliar trabalho e maternidade. Sua experiência, entretanto, a convenceu do contrário. Passou a acreditar que a criança não pode estar sob a pressão do tempo para dividir suas experiências com os pais. "É nos momentos relaxados que surgem as dúvidas, os medos e o papo cabeça", afirma.

Há cinco anos separada do pai de Maria e, no momento, namorando com diretor de fotografia Edgar Moura, Maitê continua investindo no papel de mãe. Mas agora que a menina já está maior, vai dar um novo impulso à carreira. Tem dois longas-metragens programados, uma peça de teatro e, mais uma vez, fará par com Tony Ramos em Torre de Babel, a próxima novela das oito. Finalmente, aos 7 anos, a filha vai assistir à mãe na TV todos os dias.