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Revista Flash News

2007
 

Saboreando o sucesso da temporada paulista de Achadas e Perdidas, a atriz conta como se sente na nova condição de escritora e autora e revela o que faz para ficar zen.

Por Gilberto Ungaretti

Valendo-se de um talento que até então parecia insuspeito (ao menos para quem não convive com ela), a paulistana Maitê Proença, de 48 anos, decidiu expor suas experiências e pontos de vista no papel, assinando crônica numa revista semanal. Entusiasmada com o novo ofício, pulou para o livro e para o teatro, sem tropeçar. Lançado em 2004 pela Ediouro, Entre Ossos e a Escrita se tornou best seller. E continua vendendo. Em Portugal, chegou ao 4º lugar nas vendas de todo o país. "Por conta do livro, vamos excursionar por lá durante o mês de fevereiro com a Achadas e Perdidas", conta, referindo-se à peça baseada em suas crônicas, sucesso da temporada paulistana. Maitê - que também integra a roda de discussões do Saia Justa, no canal a cabo GNT - atribui o vocabulário rico e impecável e o domínio das palavras ao hábito da leitura estimulado pelos pais. "Eles eram intelectuais, viviam da literatura e me davam dinheiro para, em troca, eu decorar trechos de Shakespeare", lembra a atriz, que mora no Rio, ao lado da filha , Maria, de 15 anos, namora sério há dois e meio o jornalista Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, com quem não pretende se casar. "Está bom assim, cada um na sua casa."

1 - Bonita como poucas, atriz respeitada e, agora, uma escritora talentosa. Pelo visto, Deus anda roubando a seu favor, hein?
Você não conhece os segredos escondidos nas minhas sombras... (risos)

2 - Como atriz, é diferente atuar numa peça cuja história é fruto de sua própria verve?
Mesmo não sendo autobiográfico, minhas questões estão ali, o tipo de humor que me toca, temas que me interessam. Toda noite eu choro muito e a platéia chora comigo, vejo um monte de lencinhos saindo das bolsas. Depois eles riem de se fartar. E aquilo saiu tudo de dentro de mim! É bom pra caramba!

3 - Você leu as críticas sobre sua estréia como autora de teatro? Foram justas?
A crítica foi gentil, mas é claro que não vão me engolir completamente, como autora, num primeiro texto. Chico Buarque disse que meu texto é bom, muito comovente e engraçado. Precisa mais?

4 - É verdade que seu pai condenava as fotonovelas e exigia que você, ainda criança, lesse Shakespeare com sotaque britânico?
Uma vez eu deixei uma fotonovela aberta em cima da mesa e quando voltei, estava escrito na página "Subliteratura para indivíduos mentalmente retardados". Papai preferia que eu lesse outras coisas...

5 - Suas aparições na televisão são cada vez mais raras. Sua última novela foi Da Cor do Pecado, em 2004, depois de um longo período ausente. É uma opção pessoal ou os diretores hesitam em escalá-la? Não gostaria de ser uma das Helenas de Manoel Carlos?
Estou aqui, assinei contrato com a Globo até 2009, e irei quando chamada, como um bom soldado. Mas não tenho ansiedade de que me escalem e não penso nisso. E já fui uma Helena, com muita honra, numa novela chamada Felicidade, em que contracenava com Tony Ramos. Era uma trama excelente, que bateu recorde de audiência e de vendas internacionais. Serei Helena do Maneco de novo a hora que ele quiser.

6 - Aos 48 anos, que ninguém dá, você trata o tempo com naturalidade? É mais difícil envelhecer para quem é símbolo de beleza?
Envelhecer não é agradável, dói as costas, o joelho... Mas dominar melhor os próprios instrumentos, fazer bom uso deles, é ótimo!

7 - Você é vaidosa? Se cuida muito? Já fez plástica e outras cirurgias estéticas?
Me cuido sem histerias. Estou pensando em fazer uma plástica. E adiando, adiando, adiando...

8 - Como se define do ponto de vista do temperamento? É bem-humorada, explosiva, zen?
Sou explosiva, bem-humorada e zen. Vivo um momento de estresse. Não consigo ter uma rotina, não consigo relaxar. Para ficar zen fujo do nhenhenhem do cotidiano. Medito, viajo, (no fim do ano, embarca para o sudoeste da Ásia, com escalas no Laos e no Vietnã), vou pro meu sitio, desligo os telefones e fico muda. Exercício funciona também, e é melhor ao ar livre.

9 - Seu modo de vestir-se modificou com a idade? Como escolhe as peças do seu guarda-roupa? Você compra roupa brasileira? Coleciona peças de grifes caras?

Não uso minissaias nem peças que me parecem excessivamente Juvenis. Compro no Brasil e fora. Mas odeio fazer compras. Se a loja não mandar em casa pra eu ver, não compro. Viajando, às vezes, faço uma concessão ou outra. Tenho grifes e feito na esquina.

10 - Em constante movimento, você já fez incursões pela igreja luterana, passou pela umbanda, pelo candomblé e pelo budismo, entrou num ashram, na Índia, e provou o Santo Daime, tudo isso sem abandonar a Igreja Católica. O que a move nessa inquietação religiosa, à procura de Deus?
Não fui criada como católica, mas gosto de Jesus e de Nossa Senhora. Fui criada pra ser atéia. Sou muito curiosa e gosto de experimentar tudo que parece misterioso, quero compreender, sentir o que nunca senti. Por aí o sagrado entrou na minha vida. Eu experimentei o Divino e ele está dentro de mim.