Extra - Agosto/2012

A volta de Maitê Proença às novelas foi arrebatadora. Na pele da pudica Sinhazinha, de “Gabriela”, a atriz conquistou o coração de Osmundo (Erik Marmo) e mexeu com a imaginação dos marmanjos a cada vez que a personagem atendia, com submissão, as ordens do marido Jesuíno (José Wilker). “Deite que vou lhe usar” caiu no gosto do povo e virou um bordão. Nas cenas em que a mulher do coronel se entregava ao dentista sua boa forma aos 54 anos deu o que falar. E, nesta sexta-feira, é com tristeza que o casal coadjuvante com química de protagonista se despede da trama. Ao descobrir a traição, o fazendeiro mata o casal de amantes na cama.

O que diria para um homem se ele lhe dissesse 'deite que vou lhe usar'?

Dependendo do homem: Oba!

Como foi sua relação com o José Wilker durante as gravações?

Ele já chegava no estúdio me pedindo desculpas pelo que viria. Em tom de brincadeira, claro. O q o personagem dizia e fazia ultrapassava todos os limites, então a gente ria, junto com a equipe técnica que se divertia com aquelas cafajestadas. O Zé foi um grande parceiro! Quero mais.

Você chegou a se machucar quando fez uma das cenas em que Jesuíno batia na Sinhazinha. Como foi isso?

Só um arranhãozinho. O Zé tomava todo cuidado, às vezes no calor da cena a gente se desequilibra e machuca, acontece.

E com o Erik Marmo? Foi difícil criar essa sintonia com um ator escalado em cima da hora? (O papel seria de Bruno Gagliasso, mas ele deixou as gravações 1 semana antes do lançamento da novela)

Foi facílimo, ele chegou pronto. O personagem rodou tanto pra chegar nele, que, como se viu, era dele mesmo. O Erik arrasou.

Quando soube que faria a Sinhazinha como fez seu laboratório?

A situação da Sinhazinha não é distante de nós. Quantas mulheres sofrem abusos?Espancamentos? Tem suas filhas estupradas pelo pai e outros parentes? Isso acontece muito perto da gente, pra não mencionar o mundo árabe e tantos lugares no oriente em que a mulher ainda leva vida de escrava. Essas criaturas me serviram de inspiração. Além disso, o texto do Walcyr Carrasco era muito bem escrito, bom de interpretar.

Chegou a ouvir "Deite que vou lhe usar" quando saiu nas ruas?

Ouvi sim por aí. As pessoas, de maneira geral, ficaram tocadas pela Sinhazinha. Ela tinha uma fragilidade comovente e um encantamento pela descoberta do amor. E morre por amor, é trágico. Foi um personagem muito bom de compor.

Você não viu a primeira versão de 'Gabriela' porque não tinha TV em casa?

Verdade. Não vi televisão durante toda a infância e adolescência

Como era sua vida naquela época? Sonhava ser atriz?

Pensei em ser veterinária como tantas crianças. Prestei vestibular para propaganda e marketing, jornalismo, assistência social, artes plásticas e psicologia. Dá pra ver que tinha muitos interesses, não é? Mas nunca considerei ser atriz.

Em 'Passione', sua personagem também se envolvia com um homem mais novo, vivido por Daniel de Oliveira. O que acha dessa coincidência em 'Gabriela'? Acha que se deve ao fato de você estar linda aos 54 anos?

Obrigada. É provável que isso contribua na escalação.

Você se apaixonou ou se envolveria como homens bem mais jovens que você?

Eu me envolvo com pessoas que me encantam, que se encantem comigo e me acalentem, que me façam sentir bem, que me façam rir e chorar. A idade que for...

O que você faz para manter a boa forma?

Sempre me alimentei muito bem, tenho vários truques que fui colhendo ao longo dos anos em função de um grande interesse por diferentes dietas, por nutrição. Tomo água quente ao acordar, maionese em casa é feita com tofu, o açucar, se necessário, vai ser mascavo ou cristal, ingiro muitas leguminosas e grãos, assim por diante. Faço esportes moderadamente, na medida que me der algum prazer. Tento gostar do que estou fazendo, tento gostar de quem está perto de mim, e foco na coisa do momento.

Sua beleza foi muito elogiada, e só de 'Gabriela' já saíram duas futuras capas da “Playboy” (Leona Cavalli e Nathália Rodrigues). Toparia posar nua novamente?

Não tenho interesse algum em posar de novo.

Desde “Passione” você não fazia TV. Foi uma opção? Preferiu se dedicar a outros projetos?

Escrevi uma peça sobre duas velhinhas num asilo, estou buscando patrocínio para encená-la. Escrevi um livro chamado "É duro ser cabra na Etiópia", deve ser lançado no inicio de 2013 por sugestão de minha editora, rodei um filme de Domingos de Oliveira, fiz uma reforma de dois anos em casa, viajei, e estudei história, música e arte contemporânea. Devo estar esquecendo um punhado de coisas.

Agora que sua participação na novela terminou, tem algum outro plano profissional?

Tenho planos relacionados a duas peças de teatro e estou finalizando a parte gráfica do "É duro ser cabra na Etiópia". Volto a estudar e tenho também uma fila de livros pra ler. Sou contratada, quando a TV me chamar voltarei feliz da vida.