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Revista Época - 2005
 

Fui convidada pra escrever a orelha de um livro sobre contratempos e alegrias da maternidade. Aceitei prontamente. A autora Graziella Moretto é minha amiga querida e "Onde Compra o Manual" é cheio de tiradas que tornam sua leitura uma alegria. Numa consideração a respeito das vantagens da hereditariedade, ela diz: "O problema é que eu pareço um homem. Um homem judeu. Tem dia que de cabelo molhado e óculos, qdo me olho no espelho eu enxergo o Gerald Thomas". Puro exagero - Grazi é linda - mas a observação não deixa de ser cômica. Em seguida feminista e generosa ela passa a bola pro parceiro: "Poder contar com alguém que está tão determinado a cuidar daquele bichinho qto vc é uma demonstração de superioridade da raça humana. É a celebração da igualdade entre os sexos". E lá pro fim depois de muitas histórias e anedotas a autora constata: "A moleira pra mim é o canal por onde os bebês recebem informações secretas de Deus. È por ali que eles se comunicam com Ele e com o universo, é por ali que eles operam milagres e irradiam amor". Fique de olho, o livro estará à venda lá pelo Dia das Mães.

No quesito filmes recomendo Em Busca da Terra do Nunca, nenhum Oscar, no entanto, lindo de encantar. O filme é triste mas a gente chora mesmo ao ser tocado pela delicadeza com que a trama se desvela. Os atores nos conduzem a um mundo imaginário sem que a história caia jamais na pieguice ou na infantilização. Estão todos bem com destaque para Johnny Depp - depois de seus quatro últimos filmes, começo a achar que tê-lo no elenco é garantia de qualidade. Kate Winslet tb se oferece numa interpretação densa e cheia de nuances. Alias, de maneira geral as atrizes européias me interessam bem mais que as americanas. Há uma complexidade nas primeiras, que, nas outras... só nascendo de novo. Compare uma Kate Blanchet com Gwyneth Paltrow e tire suas dúvidas. Depois observe Julianne Moore e Sandra Bullock e tenha a certeza. É evidente que não falamos aqui de Merryl Streep ou Shirley Maclaine, pq estas estão acima de suas raízes e pertencem a uma categoria universal, superior, onde habitam Maggie Smith, Judy Dench, e as nossas, Marília e Fernandona ( recentemente, depois de assistir à peça dos Budas Ditosos, em cartaz pelo país, confirmei que a Fernandinha tb. está entrando, precocemente, para o nicho das olímpicas resplandecentes). Viva elas!

Para os que pretendem vir ao Rio por esses tempos sugiro a peça Surto. Não vi, mas minha filha em cujo gosto confio, esteve lá levada pela escola, e gostou tanto que verá de novo. É uma comédia com atores não televisivos e toda feita de bons momentos. Por fim, sei que não é bonita a autopromoção, mas acabo de receber mais uma carta sobre o livro que publiquei e se me permitem, vou reproduzir um trecho aqui. Perdoem o abuso, mas vitória de filho é assim, a gente quer exibir.

Com a palavra, Paula Santomauro:

"Ela aborda todos os temas com absoluta desenvoltura, tem um senso de humor que é uma graça, critica, faz piada, relata, inventa. Se analisa, desabafa, questiona. Cria e recria, se abre, confessa, delata.

Corajosa essa mulher. Um exímio exemplar de fêmea! Para mim, caloura na vida adulta, um exemplo. Para mim, aspirante a mulherão, um alento. Para mim que ouso escrever, um talento.

Todo mundo deveria ler "Entre ossos e a Escrita". Coloque Maitê na sua lista, na sua vida, na cabeceira de sua cama.

Seus textos são simples, a leitura flui. A humildade com que esta mulher escreve e a clareza maluca com que se expressa faz pensar se escrever é um dom ou uma entrega".

E assim me despeço agradecida - a Paula pelas palavras, e a você leitor, pela atenção.