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Amor Desfeito
Revista Época - 2005
 

Quando você faz amor comigo,
meu corpo todo, cada pelo,
cada órgão lá de dentro,
sorve aquilo de tal jeito,
que não sei como é que o peito,
o coração ali desfeito,
tudo enche estufa cresce
e se esvazia ao mesmo tempo.

Num instante vou morrer
No outro me acho
Plena de você.

Quando você faz amor comigo,
e que à tarde a gente deita,
o mundo pára o rodopio,
e em conduta de desvio
a lua acende, sendo dia
e eu te lavo, cuido, gueixa
dou comida, cafuné
que em meu sonho o mundo aceita
eu serva sua, satisfeita.
você, meu macho.
eu, imperfeita.

Quando você faz amor comigo,
mas que em seguida acorda peste,
eu te desprezo, largo, enjeito,
coloco outro no teu leito,
não sofro mais de amor desfeito.
arranjo até bem semelhante
tá cheio aí solto, galante
quem sabe até melhor amante
ele, meu macho
eu, relevante

Num instante ia morrer
no outro me acho, bobo,
livre de você.

E se hoje vens zoar comigo
com esta cantada em sustenido,
agora que es passado antigo
eu vejo bem, foi só desejo
gostava, e pouco, é do teu beijo
tá cheio aí bonito, limpo,
quem sabe até bem mais distinto
pronto pra amar o amor que sinto