À Beira do Abismo me Cresceram Asas
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A delicadeza do mundo feminino filtrando a violência do mundo e das relações amorosas e ou familiares.
Duas senhoras muito idosas, e não contraditoriamente, muito jovens passam à limpo suas historias ao dialogar com um possível jovem interlocutor.
A textura é de renda fina, de linho, seda ou algodão puro. O cheiro é de lavanda. O aconchego é o de um colchão estufado de palha de milho que nos envolve e nos abraça quando nos jogamos nele. O cheiro é de limpeza.
Uma pessoa jovem, ou de meia-idade terá jamais condições de saber o embate que se trava dentro de um idoso, que sente a força de sua alma viva em pleno vigor e maturidade em diálogo com seu precário estado físico? Se sentir capaz de tudo e poder fazer muito pouco?
A alma jovem de Maitê Proença se manifesta na força destas velhas senhoras, nos dando um retrato emocionado, irônico, cruel e realista, ao mesmo tempo que extremamente poético, do universo daqueles que já sabem muito, mas que também podem pouco.
O resultado final é de beleza, encantamento e poesia, capaz de nos dar asas quando nos sentimos a beira do abismo. São estas lindas jovens senhoras.

Amir Haddad

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