2000

Depois de duas décadas de sucesso em produções televisivas e cinematográficas, Maitê Proença passa a dedicar mais tempo ao teatro. Isabel, escrita por Aderbal Freire-Filho e dirigida por Domingos de Oliveira, rendeu a ela a indicação para o Prêmio Shell de melhor atriz. A peça, sem compromisso com a fidelidade histórica, traz uma princesa que, inconformada por ter de deixar o Brasil, desnuda segredos do jogo político da cena brasileira. A composição da personagem rica em nuances leva a atriz a brilhar em cena.

Neste ano, participa de Bufo & Spalanzani, baseado em livro de Rubem Fonseca. No filme, um policial desvenda, a partir das investigações sobre a morte de uma mulher, um fantástico golpe em uma empresa de seguros. A obra é dirigida por Flávio Tambellini e, no elenco, além da atriz, os consagrados José Mayer, Gracindo Junior e Tony Ramos.


2001

Maitê protagoniza Dona Yayá em A Selva. O filme, uma co-produção de R$ 10 milhões de Brasil, Espanha e Portugal, é baseado em romance do escritor português Ferreira de Castro. Rodado em Manaus, o filme teve mais de 915 figurantes e também traz no elenco Cláudio Marzo e o português Diogo Morgado. A produção retrata a vida de seringueiros na Amazônia e traz como pano de fundo um romance entre Dona Yayá, casada com um dono de armazém, e um português que chega ao Brasil para trabalhar na extração de borracha.

Em outra produção para o cinema, Viva Sapato!, a atriz vive uma cômica jornalista americana mais interessada em ter aventuras caribenhas que na reportagem que está fazendo para uma grande rede de TV. O filme é dirigido por Luiz Carlos Lacerda. Entre os atores, Laura Ramos, Ney Latorraca, Irene Ravache e José Wilker.

Maitê Proença também faz, em 2001, uma participação especial na novela Estrela Guia, da TV Globo, ao lado de Sandy , Marcos Winter, Guilherme Fontes, Rodrigo Santoro e Lília Cabral.


2002

Neste ano Maitê Proença assina, pela primeira vez sozinha, uma produção de teatro, levando aos palcos o monólogo Buda, com Clarice Niskier. A direção foi de Domingos de Oliveira.

Em julho, a atriz volta aos palcos com a comédia Com a Pulga Atrás da Orelha, do dramaturgo francês George Feydeau. O espetáculo que teve direção de Gracindo Junior conta com os atores Herson Capri, Françoise Forton e Edwin Luisi. No palco, a atriz protagoniza Madame Chandebise, uma divertida e desconfiada mulher que tenta tirar à prova a fidelidade do marido.

No papel de Maria, Maitê Proença emociona milhares de fiéis durante A Paixão de Cristo encenada em Nova Jerusalém, no sertão pernambucano. Iniciada de modo amador há mais de 40 anos, a montagem realizada ao ar livre, é hoje o maior espetáculo regular montado sobre o tema e conta, anualmente, com a participação especial de atores consagrados.


2003

"A próxima geração de mulheres, pra não decepcionar os machos de agora, terá de vir transgênica. Será uma mulher geneticamente manipulada com panturrilhas, peitos e bundas já siliconados e todo o resto lipoaspirado, inclusive o cérebro que é pra não ameaçar ninguém."

Em 2003, Maitê Proença surpreende ao, após quase 25 anos de carreira, revelar seu talento também para a literatura. As crônicas escritas quinzenalmente para a revista Época (alternando o espaço com Mário Prata) logo conquistariam o público por seu estilo direto, bem-humorado, delicado e perspicaz.

O ingresso no universo literário não afastou Maitê Proença da TV e do cinema. Neste ano, ela participa de quase toda a temporada da série Malhação, da TV Globo, e atua também no filme Jogo Subterrâneo, de Roberto Gervitz, ao lado de Felipe Camargo, Maria Luíza Mendonça e Júlia Lemmertz.


2004

Em nova participação especial em novela da Globo, Maitê Proença vive a cômica Verinha em Da Cor do Pecado. Mãe de uma menina ambiciosa, ela vê num possível casamento milionário da filha a oportunidade da família, totalmente falida, voltar à boa vida. A dupla com Ney Latorraca, que contracenou como marido dela, foi um dos pontos altos da obra escrita por João Emanuel Carneiro e dirigida por Denise Saraceni.

Publica, durante todo o ano, crônicas para a revista Época. Consagrada como atriz, ela vê na literatura uma forma de se apresentar ao público, que antes a conhecia apenas pelos personagens, entrevistas concedidas à imprensa e manchetes de jornais e revistas. "Um ator está sempre interpretando o texto de alguém, os pensamentos, as considerações sobre o mundo de outra pessoa, que às vezes escreveu há 100 anos, ou dois mil como no caso de uma tragédia grega. Então eu quis estreitar essa ponte com um público que muitas vezes acha que sou uma pessoa que não sou".

Por meio das palavras, a inquieta e aventureira, Maitê Proença também descobre uma forma de passear por vários assuntos sem correr tantos riscos. "Sou muito curiosa, nasci assim, fui uma criança perguntadeira, queria saber de tudo. Quebrei 17 ossos no meu corpo em momentos diferentes de tanto me meter em situações que não conhecia, pra ver como era. Então acho que por uma questão de sobrevivência, pra me proteger de mim, porque eu sou perigosa (ano passado quebrei o punho, mesmo depois de velha... o negócio não passa), eu agora parti pra escrita que é uma aventura também, mas, ao menos, me obriga a ficar trancada na frente de um computador".


2005

Maitê Proença lança seu primeiro livro. "Entre Ossos e a Escrita" (Ediouro) reúne crônicas publicadas na revista "Época", entre 2003 e 2004. São 50 textos recheados de diversidade, qualidade e bom humor. "O bom humor é para driblar a vida porque sem ele a coisa não anda", diz a atriz. Os temas vêm da sua observação do mundo.

A escrita e a literatura acompanharam Maitê Proença durante toda a sua vida. Ainda menina, ela redigia longas cartas com impressões sobre as viagens que fez pelo mundo ao lado da família e do tempo em que morou fora do país. Filha do procurador da Justiça Carlos Eduardo Gallo e da professora de Filosofia Margot Proença, também teve contato com os clássicos, desde muito nova, instigada pelos pais. "Eu venho de uma família de intelectuais, de gente que escrevia, gente que usava as palavras. Na minha casa não se usava "transar" e "legal" pra tudo, há inúmeros verbos e incontáveis palavras para se fazer um comentário apreciativo sobre um assunto", conta.

O respeito com que trata a literatura quase a fez desistir de publicar a obra. Detalhista, ela passou a reescrever todas as crônicas e chegou a pedir ao editor que desistisse da idéia do livro, mas ele a convenceu a mandar a obra como estava e o resultado é um livro muito bem-elaborado que encantou o público e se tornou rapidamente um sucesso.

"Como protagonista de duas histórias de época (Marquesa de Santos e Dona Beija), nela admirei a mesma consciência e acabamento que encontro em suas crônicas", afirma o escritor Carlos Heitor Cony, autor do prefácio da edição brasileira de "Entre Ossos e a Escrita".

Em agosto, "Entre Ossos e a Escrita" é lançado em Portugal, onde permanece por muitas semanas em quarto lugar nas vendas nacionais. O prefácio da edição lusa é assinado pelo famoso jornalista e escritor Miguel Souza Tavares. "Eu estava convencido, lendo as crónicas femininas-feministas das nossas cronistas portuguesas, que as mulheres tinham conseguido sublimar definitivamente essas fraquezas da alma e pairar lá no alto, num território etéreo onde não existem vícios nem fraquezas, apenas iogurtes magros, saladas verdes, carreiras profissionais sempre em ascensão... Mas olha que, afinal, uma actriz de talento consagrado, uma mulher bonita, inteligente e sensível, me vem dizer, sem pudor nem medo, aquilo em que eu sempre acreditei: que o amor é o verdadeiro motor da história (desculpa lá, Marx!), que toda a escrita é sobre amor ou não presta, toda a música é sobre amor ou não presta, mesmo toda a solidão é por causas de amor ou é inútil, toda a vida é em nome do amor ou não faz sentido. E por isso é que, porra!, gritamos, choramos, silenciamos, acordamos felizes ou adormecemos tristes...".

Longe dos palcos há mais de um ano, mas apaixonada pela escrita, Maitê Proença junta os dois ofícios num só e escreve sua primeira peça: "Achadas e Perdidas". Para a montagem, ela pincela seis histórias do livro que considerou interessante contar para o público de outra forma: a teatral. "Eu escrevi fazendo. Como sou atriz eu falava o texto alto pra ver se estava bom. Parecia uma louca gritando em frente ao computador."

Em "Achadas e Perdidas", uma comédia cheia de delicadeza e nuances, Maitê Proença divide o palco com a atriz e amiga Clarisse Derziê Luz. Juntas, elas interpretam 21 personagens. Em "Quem Olha o Mar Não Publica", uma empregada presencia uma crise criativa de sua patroa que tem do escritório uma bela vista para o mar e resolve entrar para o mundo da literatura, escrevendo um best-seller chamado "Ódio". As outras histórias também trazem o ponto de vista feminino a respeito de assuntos como o futebol, a morte, a paixão e a crise dos quarenta.

Durante o espetáculo acontecem 25 trocas de figurino e 11 trocas de cenário. "Há muitas trocas de roupa, de cenário, e a peça não pára nunca, é muito movimentada. Emagreci dois quilos desde o início da temporada".
Em 2005, Maitê Proença fez uma participação especial nos primeiros capítulos de A Lua me Disse, onde interpretou a milionária Regina. A novela das sete da Rede Globo foi escrita por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa e teve direção de Roberto Talma, Rogério Gomes e André Felipe Binder.


2006

"Achadas e Perdidas", comédia teatral escrita por Maitê Proença e dirigida por Roberto Talma deixa o Rio de Janeiro e pega a estrada. Em São Luiz do Maranhão, a reação do público é cronometrada. Com as risadas, palmas e gritos de 'Bravo', o espetáculo, que tem uma hora de vinte minutos, estende-se por mais 15 minutos. "Uma comédia vai melhorando com a presença do público, a gente vai afinando a graça dos personagens e das histórias".

Em agosto, "Achadas e Perdidas" chega a São Paulo e faz uma temporada de sucesso no Teatro Cultura Artística, em São Paulo. A versão paulista da peça de Maitê Proença é supervisionada pelo diretor Eduardo Tolentino. No mesmo mês, Maitê Proença estreou no Saia Justa, da GNT. A atriz e escritora passa a integrar o novo time de apresentadoras do programa ao lado da jornalista Mônica Waldvogel, da atriz Beth Lago, da filósofa Márcia Tiburi e da cantora Ana Carolina.

2007

Finaliza o segundo livro Uma vida Inventada que mistura ficção a fatos reais num jogo de pistas falsas proposital. Coloca também o ponto final em nova peça de teatro As Meninas, escrita em parceria com Luiz Carlos Góes.

Grava o programa Saia Justa durante todo o ano e participa do filme Elvis e Madona, dirigido por Marcelo Laffitte.
Viaja pelos altiplanos andinos, passando pela Bolívia, Chile e Peru. Em dezembro vai aos Estados Unidos a caminho de uma temporada cultural na França.


2008

No final de março, lança o livro Uma Vida Inventada, que fica em 1º lugar no ranking da revista Veja, além de permanecer inúmeras semanas entre os 10 mais vendidos na categoria Ficção. Viaja pelo Brasil lançando o livro em diversas cidades.

Com o texto de As Meninas pronto, começa a montagem da peça. Em junho, viaja para Bali, na Indonésia, para as gravações da novela Três irmãs, de Antônio Calmon, com direção de Dênnis Cavalho, interpretando Walkíria. "Adoro o trabalho, o clima é o melhor que já vi em muito tempo. Não há peso, olhares enviesados, palavras irônicas, diz que disse por trás. Nada! Mérito nota 1000 do Dênnis, que sabe escolher elenco e equipe como ninguém. Uma alegria! Vou para as gravações como quem vai ao parque de diversões!".

Estreia nos cinemas em 27 de junho o filme Onde Andará Dulce Veiga?. Maitê interpreta a personagem-título, Dulce Veiga, cantora e atriz que após um período de sucesso desaparece misteriosamente nos anos de 1960. A direção é de Guilherme de Almeida Prado, com quem a atriz já havia trabalhado em A Dama do Cine Shanghai (1987) e A Hora Mágica (1998). Em agosto, o filme é exibido em Nova York na Mostra Competitiva do Tribeca Cinemas.

Grava com Irene Ravache o audiobook de Uma Vida Inventada. Lançado em agosto na Bienal do Livro de São Paulo.

Em setembro, viaja para Ibitipoca, Minas Gerais, para uma fazenda com amigos, e sofre um acidente ao cair de um cavalo. Fratura cinco vértebras da coluna, ainda assim, continua gravando Três Irmãs no Rio de Janeiro e o programa Saia Justa em São Paulo. Narra os programas Belezas Francesas, Maria Callas, Brigitte Bardot e Sophia Loren para o canal GNT. Em novembro, lança o livro Uma Vida Inventada em Portugal.

Viaja o país com Palestras sobre assuntos diversos, entre eles, as delícias e os pesares de ser uma mulher contemporânea.